Tempo limpo, com poucas nuvens,
ausência de vento, no vale notava-se nevoeiro, olhei para a encosta da serra
escolhida para a caçada e vi dois caçadores deslocarem-se para o lado contrário
da minha escolha. Resolvi atacar a serra com a tática do caracol de Ismael
Tragacete, grande campeão espanhol, fácil de executar em terrenos planos mas de
grande esforço físico naquele local, mas as perdizes de Novembro já começam a
ser muito complicadas. Ás dez horas as camisas eram só água e eu sem ver
nenhuma perdiz, entretanto o nevoeiro começou a subir a encosta e eu parei pois
a visibilidade era muito escassa, quando limpou mais retomei em direção ao
carro para dar minutos há Daisy e ao Index, pois iniciei com a Fabula e a
Pista, a Fabula começa a trabalhar um rasto e nisto bastante largas saltam
penso que seis perdizes pois a vegetação não me permite ter a certeza, tento
ver onde vão poisar mas não consigo, o voo foi longo, resolvo não ir trocar de
cães e encetar a perseguição, enquanto vou na deslocação para o local, vou
pensando, aquela paragem por causa do nevoeiro fez com que elas tivessem furado
o cerco porque senão a história se calhar seria outra. Tento fazer uma leitura
do terreno e perceber onde poderão estar, subo mais um pouco e depois desço em
sentido contrário a uma área grande de sujo onde será muito difícil ter
sucesso, quando começo a descer vejo a Fabula parada virada para um sitio entre
mim e o sujo, já “meti a pata”, devia ter abordado o lance mais perto do sujo,
a Pista entretanto fica em patron, bonito, aproximo-me mais delas, saem da
paragem e começam a pistar, nova paragem breve mais um pistar e a cerca de 30
metros começam a saltar as perdizes, disparo numa acertei-lhe, mas ela continua
a voar, novo disparo e ela cai, tento ver para onde vão as outras, entraram no
sujo e deixo de as ver, vamos cobrar aquela dirijo-me para o local, já lá andam
a Fábula e a Pista há procura, passado pouco tempo vejo a Fábula com ela na
boca, Linda cadela procura o melhor local para vir entregar-me já que tem uns muros
pelo caminho e algum sujo. Nada que ela não resolva. Entro no sujo para ver se
consigo com que elas levantem para local mais acessível, ao fim de algum tempo
a Fabula e a Pista dão com duas pelo menos, sinto-as levantar, mas não as
consigo ver. Saio do sujo e vou em direção ao carro para trocar de cães, estes
já fizeram um belíssimo trabalho.
os protagonistas com o resultado final
Depois da troca volto ao sujo e vou tentar
abordar mais acima, pois elas penso que devem ter subido e também porque penso
ter visto umas ligeiras abertas, entro num trilho que penso que seja de javali
e que me facilita a progressão, a Daisy e o Index continuam as buscas, quando
paro ouço-as a movimentar dentro da mancha, depois de algum tempo meto-me num
local em que já não consigo progredir, as silvas cruzam nos carrascos e na
outra vegetação, paro com a intenção de voltar atrás, tento localizar os cães
pelo seu barulho, estão os dois entre vinte a trinta metros, um quase em frente
e outro mais para cima há minha direita, levo a mão ao apito para os chamar para
nova direção de busca quando o que está a minha frente, deixa de fazer barulho,
aguardo e fico mais atento, pois poderá vir num trilho mais limpo, após algum
tempo, sinto levantar duas perdizes, não consigo ver nada, mantenho o olhar
fixo num local, onde poderei dar fogo se elas lá aparecerem, uma resolveu lá
cruzar, um correr de mão muito rápido, quase instintivo, disparo e algumas
penas, parece que abati, pois devido há altura da vegetação, deixei logo de a
ver, mando-o os cães cobrar de ferido e tento aproximar-me o mais possível do
local os ajudar. Passado algum tempo aproxima-se de mim a Daisy com ela na
boca, estava morta ainda bem pois naquele sitio uma perdiz ferida seria quase
impossível de cobrar. Linda cadela e modéstia à parte grande tiro, só possível
pela experiência de muitas épocas e muitas horas atrás delas. Mais um “Great
Day”.
Sem comentários:
Enviar um comentário