Esta época começou com algumas
expectativas devido a algumas indicações de excelente ano de criação, vi alguns
bandos de perdizes numa zona da qual sou sócio e que foi repovoado há alguns
anos atrás com muitos exemplares jovens e também por informação de outros
amigos noutras zonas, mas nas zonas onde efetuei as primeiras caçadas tal não
se verificou. Densidade baixa dos poucos bandos, 4 a 5 exemplares velhos e
muito afastados entre si, poderá nestes casos existir aqui algum problema de consanguinidade
e como a distância entre bandos é enorme penso que não irá existir renovação o
que mais dia, menos dia implicará a sua extinção. Nestas zonas nunca se
efetuaram repovoamentos para preservar a sua autenticidade mas julgo que sem
intervenção humana, e sendo eu a favor da perdiz autóctone, não será viável a
sua manutenção, uma intervenção cuidada e devidamente programada, não para
fazer uma “descarga de perdizes” mas sim uma introdução nos finais da caça de
alguns exemplares em boas condições de saúde e de grande pureza genética para
se juntar aos exemplares existentes numa tentativa de repovoamento dos
“cabeços” tradicionais e de aproximação/renovação de sangues. A bravura daquela
perdiz autóctone que apadrinha-se os novos exemplares depressa iria ensinar
todas as estratégias para elas sobreviverem, pois os terrenos ainda mantém boas
condições de sustentabilidade, refugio, alimentação e água.
Em termos de caçada, muito calor
e terreno demasiado seco, e a pouca densidade de perdizes em locais com muito
coberto, não permitiu muitos lances ao cães para encher a “alma”, apesar do seu
labor e da sua paixão que os faz rebuscar tudo continuamente, algumas perdizes
levantadas por eles mas que devido ao coberto não nos permitia ver o lance,
exceção a uma das vezes que consegui ver a Fabula parada, tendo-me dirigido ao
local via-a a guiar e novamente ficar parada, nova guia nova paragem, já estou
a cerca de dez metros dela, continua parada no meio de umas estevas, nisto a
dez/ quinze metros sai uma perdiz dentro das estevas, encosta abaixo, arma há
cara, disparo e abate, bom lance, mando cobrar, quem lá chegou primeiro foi a
Lio, era uma zona de mato e ela apareceu-me com a perdiz toda contente.
Reparem como por baixo a Fabula quase já não tem pelo, completamente coçada pela dureza do terreno, grande paixão, trabalhadora incansável |
Outro
lance que me ficou na memória, vejo a Fabula a detetar um rasto fresco de
perdiz, quando ela se agacha e diminui a velocidade está no rasto delas, faz
breves paragens e vai deslizando, vou-me tentando chegar a ela, nisto vejo a
Lio a vir da direita, de repente cabeça bem no ar, típico dela quando apanha
emanação, avança para dentro das giestas, deixo de a ver, sigo a Fabula, pouco
depois ouço o barulho de uma perdiz a levantar, a alguma distancia
possivelmente a tiro mas sai-me completamente tapada, foi a Lio pois saiu do
giestal a correr, não tem o saber e a experiência da Fabula pois é a sua
primeira época nas perdizes, possivelmente pressionou-a demais não me dando
oportunidade, mas há que “semear” no presente para “colher” no futuro, estou
convencido que vai ser um exemplar de excelente valia que me vai dar excelentes
oportunidades.
A Pista efetuou-me só num dia 3 paragens, mas só na ultima
paragem tive oportunidade de observar toda a sua felinidade, após dois levantes
e de conseguir separar uma perdiz do bando fui no seu alcance, a Pista
detetou-a muito bem e vi-a parada, avancei para ela quando me aproximei a
alguns metros ela começa a guiar, avança completamente deitada apesar da dureza
do terreno, nisto a cerca de vinte metros sai a perdiz dentro de umas carvalhas
e tapa-se completamente com as pernadas de dois sobreiros que estão juntos,
ainda efetuei um disparo mas sem qualquer sucesso, fica para uma próxima luta.
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